sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Meninos sob pressão

Manoela Ramos

A sociedade atual vivencia uma iniciação sexual prematura dos seus jovens. Na qual os meninos, em especial, são pressionados a deixar de ser virgens, aproximadamente aos 13 anos, para serem aceitos pelo seu circulo de amizades. E as meninas estão engravidando cada vez mais cedo devido a falta de uma orientação sexual adequada. Diferente de épocas anteriores, onde a perda da virgindade masculina ocorria a partir dos 16 anos, quando os próprios pais dos rapazes os levavam para iniciar sua vida sexual nas casas de prostituição e as moças eram cobradas a manterem-se virgens até o casamento.
Segundo alguns sociólogos, esta precocidade está ocorrendo devido a uma transição pela qual a sociedade atual está passando ocasionada por uma conseqüente mudança de valores que lhe estão sendo impostos implicitamente pela mídia em todos os campos da sociedade. Com a televisão contendo uma programação de novelas, desenhos e programas de cunho sexual apelativo; com músicas também apelativas, e pela própria moda que impõe o uso de roupas que exaltam a sexualidade e a cada coleção vão tornando-se menores.
Eles também acreditam que parte da culpa dessa iniciação sexual antecipada seja atribuída aos pais que disponibilizam a maior parte do seu tempo ao trabalho com a intenção de oferecer bens materiais a seus filhos, muitas vezes lhe faltando tempo para perceber o que os jovens estão assistindo ou vestindo.
A psicóloga Verônica Valadares, atribui a responsabilidade dessa pressão por uma iniciação sexual precoce a todo um contexto social, que mostra programas de TV exibidos a tarde e recomendados para todas as idades, no qual as personagens iniciam sua vida sexual cada vez mais cedo, igualmente a um despertar pela sexualidade antecipado com meninas menstruando e meninos tendo sua primeira ejaculação precocemente. Há também o fato dos pais não estarem preparados para dar orientação sexual a seus filhos, deixando a responsabilidade para a escola que também não se sente apta a oferecer essa orientação só passando aos alunos a parte biológica. “Tem que haver um acompanhamento de alguém próximo dos adolescentes que tire todas as suas dúvidas, não basta só a realização de campanhas educativas”, afirma a psicóloga.
Atualmente, está ocorrendo um fenômeno no qual os pais estão recorrendo aos psicólogos para passarem uma orientação sexual satisfatória aos seus filhos, fato considerado positivo. Entretanto, passa a ser quase um acontecimento isolado, uma vez que a maior parte da população não dispõe de capital para pagar um profissional para educar os jovens. O que pede uma mudança de mentalidade dos pais com relação a educação sexual dos seus filhos a qual evitaria a aquisição de doenças sexualmente transmissíveis pelos adolescentes e uma diminuição no número de meninas que engravidem precocemente.
“Iniciei minha vida sexual aos 14 anos para ser aceito na minha turma do colégio, meus amigos não tiravam minhas dúvidas de forma clara, pois eles mesmos não sabiam de tudo; me arrependo de não ter tido coragem de perguntar a meu pai tudo o que eu precisava saber, talvez as respostas dele tivessem evitado a gravidez da minha namorada com apenas 13 anos”, comenta Pedro Neto, jovem de 18 anos que parou de estudar para sustentar sua filha de 3 anos.
“Uma gravidez precoce acarreta toda uma mudança no contexto social, já que uma menina de 13 anos não possui uma estrutura para educar sua filha, muitas vezes as duas tem uma relação de amigas e não de mãe e filha, o que futuramente pode vir a apresentar-se como negativo pela falta de uma figura da mãe na vida da criança”, afirma a psicóloga Verônica.

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