Por Bruno Bezerra
“O cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustar-se-á quem pensar que nele encontrará riqueza” Carlos Drummond de Andrade, poeta mineiro (1902-1987).
Existe um ditado popular muito interessante que diz que “galinha não anda com pato”. Trocando em miúdos seria algo como “água e óleo não se misturam”. Pois bem, a Polícia Federal esses dias nos mostrou que, por vezes, prostituição e concessão de empréstimo proveniente de banco estatal são praticamente a mesma coisa.
No final do mês de abril de 2008, a Polícia Federal desencadeou a Operação Santa Tereza no Estado de São Paulo, na capital e interior, com o objetivo de desbaratar uma organização criminosa que, além de praticar crimes de tráfico local e internacional de mulheres e explorar atividade de prostituição, participava de fraudes em concessão de empréstimo junto ao BNDES.
Vamos pular a parte da prostituição clássica e focar um pouco na prostituição dos empréstimos. Segundo a Polícia Federal, existe um conjunto de provas que indica que ao menos dois financiamentos concedidos pelo BNDES em 2008 são objeto de fraude. Um deles de 130 milhões foi concedido a uma prefeitura localizada dentro do Estado de São Paulo e outro de cerca de 220 milhões, a uma grande empresa do ramo varejista.
Enquanto isso, as micro e pequenas empresas sofrem com a falta de linhas de crédito verdadeiramente produtivas para o setor. Sofrem ainda mais, com a burocracia que parece ter fixado morada em bancos como BNDES e BNB quando o assunto é empréstimo.
Não é difícil observar que a única serventia da burocracia tem sido ajudar a mascarar fraudes como as apuradas pela Policia Federal na Operação Santa Tereza. Quando se fala em empréstimos acima de 50mil reais, em qualquer um desses bancos, tem sempre uma história de que é preciso um bom projetista que já conheça os “caminhos” para que o projeto “caminhe” a contento.
A estrutura mostra-se toda montada para grandes empréstimos, para que possa valer a pena o custo da burocracia e da influência de quem tem poder de decisão. Conseqüentemente, a estrutura se torna um solo fértil para grandes fraudes também.
A burocracia é de uma estupidez tamanha, que se uma pequena empresa tentar um pequeno empréstimo de 10, 20, 30 ou 50mil reais com recursos do BNB ou BNDES, até comprovante de votação nas últimas eleições o empreendedor fica obrigado a apresentar, e tem mais, se o infeliz for casado, fica obrigado a apresentar o comprovante de votação da esposa também.
Contudo, algumas perguntas ficam no ar: na Operação Santa Tereza seria a prostituição financiando essas fraudes no BNDES ou seriam as fraudes no BNDES financiando a prostituição? Ou seria tudo prostituição?
domingo, 11 de maio de 2008
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